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Novo Testamento
Sistemas
de medidas nas Escrituras
Definição de Medida
Medida é a "grandeza
conhecida e determinada que se toma base para a avaliação de
outras grandezas do mesmo gênero". As medidas gerais variam de
acordo com épocas e locais diferentes. Vários intérpretes
consideram as medidas de formas diferenciadas.
Omissão de Referências
Nesta matéria
foram utilizadas várias fontes de pesquisa, de forma que não
usamos referências em meio aos textos ou tabelas, o que iria
alongar por demais este estudo, que tem caráter sintético e
aproximado, mais ilustrativo que técnico. |
|
As tabelas das medidas
Todas as medidas
constantes nas tabelas são aproximadas e tem suas
correspondências distintas em várias fontes de consultas.
A
primeira coluna especifica a medida com o nome
traduzido ou transliterado, tal como aparece nas maiorias das
versões em língua portuguesa. A segunda coluna,
"Nome", de cada tabela, deve ser compreendida como "Nome
original", que vem a ser o termo hebraico ou grego encontrado
nos originais dos textos da coluna "Referências". No caso dos
termos hebraicos, há tão somente as transliterações, enquanto
que nos gregos, há a grafia original seguida da transliteração
aproximada. | Medidas do Velho
Testamento
Pesos |
|
Medida |
Nome |
Relação |
Correspondência |
Referências |
siclo |
sheqel |
unidade
básica, 2 becas |
11,4 gramas de prata |
Gn 23:15;
2 Rs 6:25 |
gerah |
gerah |
1/20 do
siclo |
0,57 gramas de prata |
Ex 30:13;
Ez 45:12 |
beca |
beqa' |
1/2
siclo, 10 geras |
aprox. 6 g |
Ex
38:26 |
libra de prata |
|
50
siclos |
570 gramas de prata |
|
mina |
maneh |
50 siclos
(1 Rs) 60 siclos (Ez) |
570 g (1 Rs) 680 g (Ez) |
1 Rs
10:17; Ez 45:12 |
talento |
kikar |
60 minas,
3000 siclos |
cerca de 34 kg (ouro / prata) |
Ex
25:39 |
talento grego |
|
|
26,2 kg |
1 e 2 Mc
(apócrifo) |
|
A
medida gerah era a menor unidade de peso
existente. A palavra kikar,
traduzida por "talento" também quer dizer pão redondo,
disco de chumbo,
peso. |
Medidas de comprimento |
|
Medida |
Nome |
Relação |
Corresp. |
Referências |
1) dedo |
etzevah |
|
-2 cm |
Jr 52:21 |
2) palmo menor |
tophar (mão) |
largura da mão (4 dedos) |
7,5 cm |
Ex 25:25 (?); 37:12; 2 Cr 4:5; Sl 39:5 (?) |
3) palmo |
zeret |
Polegar ao dedo mínimo |
22,5 cm (3 mãos) |
Ex 28:16; 39:9; 1 Sm 17:4 |
4) côvado |
|
ver *1 |
45-52 cm |
Gn 6:15; 7:20; Dt 3:11; 1 Sm 17:4; 1 Cr 11:23; Et
5:15 |
cana |
|
|
3 metros |
Ez 40:3, 5; 42:16 |
vara |
|
6 côvados |
2,67 m |
|
passo |
|
|
1,50 m |
1 Sm 20:3; 2 Sm 6:13 |
jornada de um dia |
|
|
35 km |
Gn 30:36; 31:23; Nm 10:33 |
skenos |
(egípcio) |
|
5-6 km |
2 Mc 11:5 (apócrifo) stadious, stadious
(Septuaginta) |
gômed |
?? |
ignorado |
ignorado |
Jz 3:16 somente |
|
As medidas numeradas acima encontram-se
especificadas por seus respectivos números no infográfico
abaixo. *1) O côvado era a
distância do cotovelo à ponta do dedo médio (cerca de 2
palmos). |
Medidas de superfície |
|
Medida |
Nome |
Relação |
corresp. |
Referências |
jeira |
|
|
|
1 Sm
14:14; Is 5:10; Ez 45:14 (?) |
|
Aparentemente não havia sistema de
medidas quadradas, dentre os judeus. A superfície era apenas
medida sendo dado o número de côvados da largura e
comprimento. A jeira, aparentemente a única medida de
superfície registrada nas escrituras, não tinha suas dimensões
fornecidas. |
Medidas de capacidade - Para
Secos |
|
Medida
|
Nome
|
Relação |
corresp.
|
Referências
|
efah |
ephah |
unidade
básica |
37 litros |
Ex 29:40;
Lv 19:36; Nm 15:4; 28:5; Jz 6:19 |
cabe |
kab |
1/18 do
efa |
2,05 litros |
2 Rs
6:25 |
gômer |
|
1/10 do
efá |
3,7 litros |
Ex 16:16,
22, 36; Lv 27:16; Is 5:10; Os 3:2 |
seá |
seah |
1/3 do
efá |
12,3 litros |
Gn 18:6;
1 Sm 25:18 |
letec |
letheck |
5
efás |
185 litros |
|
alqueire |
|
|
|
2 Rs
7:1 |
|
O efá tinha também a
medida de 3 arrobas. |
Medidas de capacidade - Para
líquidos |
|
Medida
|
Nome |
Relação |
corresp. |
Referências |
log |
|
1/12 do
him |
1/2 litro |
|
him |
|
1/6 do
bato |
6,2 litros |
Ex 29:40;
Ez 4:11 |
bato |
|
igual ao
efa |
37 litros |
1 Rs
7:26, 38; 2 Cr 2:10; Ed 7:22; Ez 45:14 |
coro |
|
10
batos |
370 litros |
1 Rs
4:22; Ez 45:14 |
ômer |
|
|
360 litros |
Ez
45:14 |
|
O bato tinha a mesma capacidade do efa, a saber, 37
litros e era o dízimo do hômer, medida básica: "A efa e o bato
serão duma mesma medida, de maneira que o bato contenha a
décima parte do hômer, e a efa a décima parte do hômer; o
hômer será a medida padrão." (Ez 45:11) O efá tinha
também a medida de 3 arrobas. |
Medidas do Novo Testamento
Medidas Monetárias |
|
Medida |
Nome |
Relação |
corresp. |
Referências |
moeda |
nomisma,
nomisma |
nome
genérico |
|
Mt
22:19 |
quadrante |
kodranth,
kodrante |
1/4 asse,
2 leptos |
moeda de cobre |
Mc
12:42 |
leptos |
lepton,
lepton |
1/2
quadrante, 1/8 asse |
0,8 g de cobre |
Mc 12:42;
Lc 12:59; 21:2 |
ceitil |
kodranth,
kodrante |
tradução |
|
Mt
5:26 |
centavo |
kodranth,
kodrante |
tradução |
|
Mt
5:26 |
asse |
assarion,
assarion |
1/10 a
1/16 dinheiro |
0,25 g de prata |
Mt
10:29 |
dinheiro |
argurion,
argurion |
nome
genérico |
|
Mt
25:18,27 ver nota abaixo |
denário |
denarion, denarion |
salário
de um dia |
4 g de prata |
Mt 18:28;
20:2,9,10,13; 22:19; Lc 10:35 |
dracma |
dracma,
drachma |
aprox. ao
dinheiro |
3,6 g de prata |
Lc
15:8 |
didracma |
didracma,
didrachma |
2
dracmas |
7,2 g de prata |
Mt
17:24 |
estáter |
stater, státer |
4
dracmas |
14,4 g de prata |
Mt
17:27 |
talento |
talanton, talanton |
6000
dracmas/denários |
21,6 kg de prata |
Mt 18:24;
25:15,16,20,22 |
|
O
termo grego nomisma, nomisma,
"moeda" ou "regra", é derivado de nomoV, nomos,
"lei". É um nome genérico para o valor monetário básico
indistinto. Jesus referia-se ao objeto em si, a moeda, sem
aludir ao nome que lhe conferiria valor e distinção.
Provavelmente era um denarion,
denarion, o denário
romano.
O
kodranth, kodrante, era a
menor moeda romana em circulação. As duas pequenas moedas da
viúva, juntas, alcançava este ínfimo valor. No texto original
de Mt 5:26 o termo encontrado é kodranth, kodrante, ou
quadran, menor moeda romana, de pequeno valor,
traduzido por centavo, menor moeda de nosso
conhecimento, centésima parte da unidade monetária do Brasil,
ou ceitil, moeda em curso no tempo de D. João I,
valendo um sexto do real da época. Na passagem paralela
deste texto, Lc 12:59, o termo é lepton, lepton, menor
moeda judaica, de metade do valor do quadrante. A
intenção dos dois autores não é estabelecer um valor fixo e
correspondente, pois estariam em contradição, mas mostrar a
obrigação inflexível do dever, "pagando até o último
centavo", ou até moedas tão ínfimas como o
quadran e o lepto.
O
leptoV, leptos, era a
menor moeda judaica em circulação e a única desta origem
citada no Novo Testamento. Valia muito pouco, cerca de 2% do
valor do denário, ou seja, o pagamento de quinze
minutos ou menos de trabalho. Tem o seu nome derivado do termo
grego leptoV, leptos, que
significa "despojado da própria pele",
"desnudo", "delgado", "fino",
delicado", "leve", e vem do verbo lepw, lepo,
"pelar", "descascar", "desnudar". Podemos
notar pelos significados que o leptos não tinha nenhuma
camada externa de prata ou ouro, mas era feito de materiais
menos nobres como o cobre ou bronze, extremamente fino ou
delgado, portanto de pequeno peso e destituído de valor
monetário, conferindo pouco poder de subsistência e compra a
seu ganhador ou portador. Dois dessem pequenos leptos
era toda a renda da pobre viúva de Mc 12:42. Não
havia oferta menor que dois leptos. Portanto aquele
viúva ofertou a menor soma, porém tudo o que
possuía.
Asse, em grego
assarion, assarion, moeda
romana de quase nenhum valor, embora valia quatro vezes mais
que o quadrante e oito vezes o lepto. Seriam
necessários dez deles para pagar apenas um dia de trabalho.
Era usado pelos gregos, romanos e judeus como símbolo daquilo
que não tem algum valor. O pássaro de Mt 10:29,
na realidade um pardal (strouqia, strouthia), tem tão
pouco valor que dois deles valiam 1 asse, ou
virtualmente nada. Lucas chega a afirmar que cinco deles valem
duas desta moeda, reputando-os por menos (Lc 12:6). Apesar de
serem reputados por nada, pela parte do homem, Jesus demonstra
o cuidado de Deus com a criação, informando que não cairá
nenhum deles ao chão sem o consentimento do Pai, que jamais se
esquecerá deles (Dt 22:6).
O
termo traduzido como dinheiro, argurion, argurion, tem o
significado inicial de "prata", ou "moeda de
prata". É um nome genérico, como a "moeda" de Mt
22:19. No texto proposto pela tabela, Mt 25:18,27, o termo
encontrado, segundo o contexto, é "moeda de prata".
Trata-se da parábola dos talentos e somente ao
que recebe um talento é dito "...argurion ton kuriou autou.", "...o dinheiro do seu
senhor." (v. 18) e "...ta arguria
mou...",
"...o meu dinheiro..." (v.27), sem aplicar-lhe valores e
correspondências monetárias. Mas seu valor é claramente
especificado em "...o to en talantou
eilhfwV...";
"...o que recebera um talento..." (v. 24), "...to talanton sou...", "..o teu talento..."
(v. 25); "TO talanton...", "...o talento..."
(v.28). Portanto os versículos 18 2 27 trazem um termo
genérico, "dinheiro" ou "moeda de prata" e os
versículos 24, 25 e 28 o especificam como "um talento".
Não se pode confundir o termo empregado "dinheiro" como
um denário, salário diário, cerca de 4 gramas de prata,
com o talento, 6.000 denários, ou dias de trabalho, ou
aproximadamente 20 anos, algo mais que 20 kg de
prata.
O
denário, denarion, denárion, tinha a
efígie do imperador Tibério ou Augusto e era de prata, sendo
um generoso salário ou pagamento pelo trabalho de um dia (Mt
20:3) e o bastante para fornecer refeições a 25 homens (Mc
6:37), pois eram 5000 homens presentes na
multiplicação (Mc 6:44) e os discípulos
perguntaram a Jesus se levariam 200 denários para
comprar pão (pois a soma era razoável, cerca de 7 meses de
trabalho e seria um número fabulos de pães a ser comprado por
com tal valor). Ora, 200 denários para 5000 homens,
permitiriam que 25 homens se alimentassem com apenas um único
denário. Na parábola do servo
incompassivo de Mt 18:23-35, este exige que um de seus
conservos (sundoulwn) pague-lhe o que deve,
isto é, cem denários (ekaton
denaria),
três meses e meio de trabalho. Não podendo, lançou-lhe na
prisão. Sua falta de misericórdia se contrasta com o perdão
que lhe fora dado por parte do rei, pois devia-lhe a
exorbitância de dez mil talentos (v. 24) ou 60 milhões
de denários, algo simplesmente impossível de pagar, pois iria
muitíssimo além do que o curto período da vida humana poderia
ganhar, necessitando de um perdão incondicional e total do
rei. Ele devia 60 milhões de denários, foi perdoado.
Seu conservo lhe devia 100 denários e foi lançado na
prisão por este ingrato servo sem a menor compaixão. No texto
da parábola dos trabalhadores da vinha (Mt
20:1-16), o proprietário regulou o salário diário como um
denário. Por dia de trabalho entende-se o tempo
compreendido entre o nascer-do-sol e o aparecimento das
estrelas. Nesta parábola é proposta a equidade do Senhor e a
igualdade dos galardões, pois os que começaram a trabalhar
logo no início do dia ganharam o mesmo daqueles que começaram
o labor às 9:00h (hora terceira), ao meio-dia (hora sexta), às
15:00h ou três horas da tarde (hora nona) e aos últimos, que
só iniciaram seu trabalho às 17:00h ou cinco da tarde (hora
undécima), ou seja, uma hora antes do término do expediente do
dia. Em Mt 22:19 um denário (denarion, denárion) foi
apresentado à Jesus como a moeda do tributo (nomisma tou khnsou, nomisma tou
kensou) onde era cunhada a imagem (eikwn, eikon, v. 20) de
Tibério, bem possivelmente e em seu anverso a inscrição
(epigrafh, epigrafe). Na
parábola do bom samaritano (Lc 10:30-37), este
entrega ao hospedeiro, para que cuide do "...homem que descia
de Jerusalém..." (v. 30) a generosa quantia de dois
denários (v. 35), suficiente para alimentar 50 homens,
ou a diária de dois dias.
Para a mulher da
parábola das dracmas (Lc 15:8-10) perder uma
dracma (dracma,
drachma), dentre as dez que
economizara era mesmo motivo de sua diligência em não só
acender a candeia, mas varrer meticulosamente a casa. Talvez
este pequeno montante fosse a difícil poupança de uma pobre
habitante da Palestina dos tempos de Jesus.
A
didracma (didracma, didrachma)
é descrita em Mt
17:24 como o imposto anual que o judeu pagava ao tesouro do
templo, cobrado de Jesus através de Pedro, que foi pago de
maneira miraculosa, através da pesca de um único
peixe (Mt 17:27), dentro do qual havia um
estáter, moeda grega de valor próximo a 4
dracmas ou 2 didracmas, com o qual foi pago o
tributo da dupla.
O
stathr, státer, moeda de
ouro ou prata é originado do termo grego isthmi, istemi,
verbo que também significa "fixar", "instituir", nos trazendo
a idéia de que o státer era o valor e moeda instituída
e fixada como base no sistema monetário grego. Foi encontrado
no interior do peixe que Pedro pegou com anzol,
a mando de Jesus, a fim de pagar o tributo de ambos (Mt
17:27).
O
talento, em grego talanton, talanton, era
também o peso legal, cerca de 26 kg, e poderia ser de ouro,
prata ou cobre, sendo de um valor monetário altíssimo,
eqüivalendo a cerca de 6.000 denários, ou algo como
6.000 dias de trabalho, ou mesmo 20 anos de tarefas para o
homem comum. O homem da parábola dos talentos de
Mt 25:14-30 entregou somas altíssimas à confiança de seus
criados ou servos, a saber: 1) ao primeiro entregou 5
talentos, 30.000 denários (ou dinheiros), mais do que
um homem poderia angariar em toda sua vida: mais de 90 anos de
trabalho. 2) ao segundo conferiu 2 talentos, ou 12.000
denários, ou mesmo 40 anos de trabalho. 3) ao último
deu apenas um talento, cuja relação já conhecemos. Os
dois primeiros dobraram os valores recebidos, mostrando terem
empreendido e aplicado de maneira eficiente tais somas. O
último, nada fez.
|
Pesos |
|
Medida |
Nome
original |
Relação |
Correspondência |
Referências |
arrátel |
litran |
|
327,5 gramas |
Jo
12:3 |
libra
(romana?) |
litran |
|
327,5 gramas |
Jo 12:3;
19:39 |
talento |
|
|
26-36 kg de prata/cobre |
Ap
16:21 |
Medidas de comprimento |
|
Medida |
Nome |
Relação |
corresp. |
Referências |
côvado |
phcuV, pékus |
|
45-60 cm |
Mt 6:27; Jo 21:8; Ap 21:17 |
braça |
orguia, orguia |
4 côvados |
1,80 m |
At 27:28 |
estádio |
stadion,stadion |
400 côvados 1/8 milha |
180 m |
Lc 24:13; Jo 6:19; 11:18; Ap 14:20,24;
21:16 |
milha |
milion, milion |
|
1480 m |
Mt 5:41 |
jornada de um sábado |
sabbaton exon odon |
|
1- 1,2 km |
At 1:12 |
jornada de um dia |
hmeraV odon |
|
35 km |
Lc 2:44 |
|
A palavra grega
pekus, pekus, usada para
designar o côvado, significa "cotovelo", "braço" ou
"vara". O côvado que Jesus disse que os ansiosos não podiam
acrescentar à sua estatura (Mt 6:27) não pode ser tomado como
medida de comprimento, mas de tempo, visto que acrescentar de
45 a 50 cm à estatura física seria um verdadeiro milagre. Como
o côvado é a medida de quase dois pés ou mesmo um passo, uma
melhor tradução do texto seria "...qual de vós... pode
acrescentar um passo à sua vida?". Desta forma, "passo" seria
o decorrer do tempo na caminhada da vida, em lugar de apenas
uma estéril medida de comprimento. No incidente da pesca
miraculosa, após a ressurreição de Cristo, os
discípulos, à exceção de Pedro, foram ao encontro do Mestre a
partir do barquinho onde estavam, "...distantes da terra senão
cerca de duzentos côvados." (Jo 21:8). Estes "duzentos
côvados" (phcwn diakosiwn)
somariam cerca de cem metros. O côvado usado para a medida do
muro da cidade de Nova Jerusalém em Ap 21:17 é
"...medida de homem, isto é, de anjo...", expressão de
dificílima interpretação.
A orguia é uma
medida derivada do termo oregma,
oregma, "ação de
estender (os braços)", que se origina do verbo oregw, orego, que lembra o ato de
estender os braços abrindo-os, como numa cruz. Esta medida, a
orguia, orguia, traduzida
por "braça" é a distância entre os dedos médios, de braço à
braço, abertos em cruz. Durante a viagem de Paulo de
Antioquia a Roma, quando no mar de Adria (At 27:27),
os marinheiros lançaram a sonda (bolisanteV, bolisantes, de
boliV, bolis, "sonda") a
fim de medirem a profundidade (embora euron, euron, no texto,
signifique "largura"). Encontraram, inicialmente, vinte braças
(orguiaV eikosi), ou 36 m. Logo mais
adiante alcançaram 15 braças (orguiaV
dekapente),
27 m (At 27:28). A sonda (boliV), ou prumo, era uma linha
(corda ou cabo) com um peso de chumbo ou outro material na
ponta, lançada até tocar ao fundo, oferecendo a medida de
profundidade.
O stadiwn, stadion, era a
oitava parte da milha romana, tendo a equivalência de
cerca de 125 passos ou 185 m. Era uma medida grega. A
aldeia de Emaús distava de Jerusalém 60 estádios
(stadious exhkonta), ou mais de 10 km (Lc
24:13). Quando Jesus andava sobre o mar (Jo
6:11), os discípulos o encontraram após remarem vinte e cinco
estádios (stadiouV eikosi
pente,
stadious eikosi pente), algo como 4,5 km; ou mesmo 30
estádios (triakouta, triakouta), 5,4
km. A variação (25 ou 30 estádios) é dada pelo próprio
escritor. Mateus diz estar o barco "...muitos estádios da
terra..." (stadiouV pollouV apo thV
ghV,
stadious pollous apo tes ges) em Mt 14:24, sem se
importar com detalhes. João era pescador, computava distâncias
no mar com facilidade. Mateus tratava com medidas monetárias,
visto ter sido cobrador de impostos. Marcos se cala sobre a
questão (Mc 6:45-51). No texto de Jo 11:18, a distância entre
Betânia e Jerusalém era de "...quinze
estádios..." ou 1875 passos percorridos em cerca de 45
minutos, alcançando algo como 3 km. Os conhecidos de Marta e
Maria caminharam esta distância a fim de consolarem a família
do morto Lázaro. Já no texto de Ap 14:20, a extensão do
juízo apocalíptico é de 1.600 estádios,
algo próximo a 300 km, alcançando quase todo o comprimento da
Palestina. Em Ap 21:16, a cúbica cidade de Nova
Jerusalém (sua altura, largura e comprimento são
idênticos) foi medida por uma cana em 12.000 estádios,
ou os fantásticos 2220 km.
Durante o sermão
da montanha (ou do monte), nos logoi a respeito da verdadeira
aplicação e observância da lei mosaica, Jesus fala de uma
medida de comprimento: a milha (milion, milion). Há
traduções para o texto que trazem "...caminhar mil passos...",
e outras, "...andar uma milha...". O texto grego traz
"...aggareusei million en..." (Mt 5:41). Uma milha
romana media mil passos ou cerca de 1480 metros, quase 1,5 km.
Os soldados romanos constrangeram um judeu de Cirene a
suportar o peso da cruz de Cristo (Mt 27:32; Mc 15:21). A
tradução de A Bíblia Viva, 9 ed, SP: Editora Mundo
Cristão, 1996, traz: "Se um soldado exigir que você carregue a
mochila dele por um quilômetro, carregue dois." A tradução
parafrásica traz luz à compreensão atual, mas não a
correspondência correta, visto que a milha, como vimos, vai
além do quilômetro da tradução. Ocorre o mesmo na versão A
Bíblia na Linguagem de Hoje.
O termo "jornada de um sábado"deriva-se da
expressão sabbaton exon
odon,
sabbaton exon odon, que seria a distância que seria
permitida caminhar no sábado. Após a ressurreição e
ascensão de Cristo, os discípulos voltaram para
Jerusalém do Monte das Oliveiras, próximo àquela
cidade "...a distância da jornada de um sábado..."
(sabbatou econ odon, sabbaton echon
odon) (At 1:12). Esta medida era o percurso de dois
mil passos ou 1,2 km.
O termo "jornada de um
dia" deriva-se da expressão hmeraV
odon, emeras odon,
"caminho de um dia". Quando Maria e José procuravam a
Jesus durante a viagem de regresso à Galiléia,
tiveram que percorrer o extensíssimo comboio de várias
famílias com seus animais e pertences, por vários quilômetros,
pois era bastante numerosa a caravana que vinha de Nazaré. O
casal, à procura do pequeno Jesus, percorreram durante um dia
"...entre parentes e conhecidos..." (suggeneusin kai toiV gnwstoiV, sungeneusin kai tois
gnostois). Estima-se terem caminhado 35 km na
empreitada |
Medidas de capacidade -
Para secos |
|
Medida
|
Nome |
Relação |
Corresp. |
Referências |
medida
(quénice) |
coinix,
koinix |
medida
para trigo ou cevada |
1,1 litro |
Ap
6:6 |
coro |
koroV, koros |
10
batos |
370 litros |
Lc
16:7 |
|
O
koroV, koros,
transliterado para coro, medida para secos que podia
também ser usada para líquidos, era como o "ômer", equivalendo
a 10 batos. No texto de Lc 16:7, o segundo devedor da
parábola do mordomo infiel (Lc 16:1-13) devia
100 coros de trigo ou 37.000 litros, uma porção
considerável.
Algumas
traduções de Ap 6:6 trazem "...queniz de trigo..." ou
"...quênice de trigo..." (coinix siton, koinix
siton) e
"...três quenizes de cevada..." ou "...tres quenices de
cevada..." (treiV coinikeV
kriqwn,
treis koinikes krithon). A medida aí é o koinix, ou
quêniz grego, algo próximo a 450 g, o que podia ser
consumido por um homem em um dia. a profecia
apocalíptica aponta para uma época de extrema
carestia, pois com um denário (denarion), salário pelo trabalho
de todo um dia, podia-se comprar tão somente a quantidade
inferior a meio quilo de trigo, o que talvez não saciasse um
homem, quanto mais toda sua família. A cevada (kriqwn), cereal mais trivial e
barato, era comprado em tres destas porções pelo mesmo preço,
ou seja, menos de um quilo e meio, o que será abusivamente
caro |
Medidas de capacidade -
Para líquidos |
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Medida
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Nome |
Relação |
Corresp. |
Referências |
alqueire |
modion, modion |
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8,75
litros |
Mt 5:15; Mc 4:21 |
medida |
saton, saton |
cerca de 1/3 do bato |
13 litros |
Mt 13:33; Lc 13:21 |
medida, bato |
batoV, batos |
igual ao bato V.T. |
37 litros |
Lc 16:6 |
cado |
tradução |
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metreta, almude |
metreteV, metretes |
aprox. ao bato |
40 litros |
Jo 2:6 |
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O modion, módion, traduzido
por "alqueire", é uma medida usada através de uma
vasilha, possivelmente de barro, como um vaso, objeto bastante
familiar e comum em qualquer casa. Era usada para medir
cereais, grande o bastante para receber mais que oito litros
deste conteúdo. Outro uso que se dava para esta medida era o
apagar das candeias, facho de madeira acesa que iluminava o
interior da casa. O velador era um suporte para a candeia, que
impedia de cair de certa altura da parede. Desta forma
Jesus assevera em Mt 5:5 e Mc 4:21 que "...nem os que acendem
uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e
assim ilumina a todos que estão na casa." e "Vem porventura a
candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama?
não é antes para se colocar no velador?" A palavra
alqueire é derivada do termo árabe al-káil. Aqui
não se trata de medida de área, mas de capacidade.
Diferentemente do alqueire bíblico, este mediria 16
litros.
Na parábola do
fermento (Mt 13:33; Lc 13:21) a medida descrita
é o sato (saton, saton), uma
medida hebraica, usada para calcular a quantidade da farinha,
não para o fermento. Cada sato correspondia a 13
litros. Tres deles alcançavam a grande quantidade de 37
litros, para uma receita a ser preparada de uma só
vez.
O bato (batoV, batos) era a medida de
tres ânforas (vaso grego antigo, cujo nome amforeuV, é uma haplologia de
amfi "dos dois lados",
e ferw, "levar",
"carregar". desta forma seu nome quer dizer "o que
se leva por ambos os lados", pelo fato da ânfora ter
"alças" de ambos os lados para fins de transporte).
Correspondia a 37 litros, como o bato do Velho Testamento. O
que o primeiro devedor tinha como dívida na parábola do
mordomo infiel (Lc 16:1-13) era "...cem cados de
azeite..." ou "Cem batos de azeite..." (ekatou batouV elaiou, ekatou batous
elaiou) ou mais de 3.500 litros de azeite. O bato
era a medida hebraica de maior capacidade para líquidos e
seu nome grego deriva do hebraico bath. A tradução
cados vem do grego kadoV, kados, "vaso", de
origem semítica, e era um grande vaso de barro para líquidos
como vinho e outras bebidas.
A metreta (metreteV, metretes) usada
no casamento de Jo 2:6 era uma medida de
capacidade líquida. Seu nome grego, que também significa
"medidor", deriva-se do verbo metrew, metreo, "medir",
"contar", calcular". Na Septuaginta é a tradução do
bato (bath) hebraico. Naquelas bodas haviam seis
talhas de pedra (liqinai
udriai,
lithinai
udriai) de duas ou tres metretas. Cada talha,
portanto, reservava até 120 litros, perfazendo, no total de
seis talhas, 720 litros! O historiador hebreu Josefo aponta a
capacidade de 25 litros para cada metreta. Sendo assim, em
cada talha caberiam até 75 litros, que no total de seis talhas
contariam 450 litros, o que já se caracterizaria um portentoso
milagre de abundante fornecimento de vinho, para todos os dias
daquela abençoada festa de
casamento |
Referências Bibliográficas
1) Friberg, Barbara e Timothy. O Novo
Testamento Grego Analítico. SP: Sociedade Religiosa
Edições Vida Nova, 1987. 2) Pereira,
Isidro. Dicionário Grego-Português... 7. ed. Braga, Portugal:
Livraria Apost. da Imprensa. 1990. 3) Kirst,
Nelson et al. Dicionário Hebraico-Português &
Aramaico-Português. 5. Ed. RJ: Editora Sinodal e Coedição:
Editora Vozes Ltda. 1994. 4) Geraldo,
Antônio. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua
Portuguesa. 2.Ed. RJ: Ed. Nova Fronteira S/A. 1991.
Esta página foi confeccionada em
07/01/99 Última atualização:
19/02/99
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